A Arte de Ser Mulher: Entre Afazeres e Sonhos um conto de Jaqueline Balthazar Silva
- Daniela Amaral
- 16 de mai.
- 2 min de leitura

O despertador toca antes do sol nascer. Um suspiro, um alongamento
rápido, e os pés descem da cama direto para a rotina que não espera.
Enquanto o café esquenta, ela aproveita para revisar aquele slide da
apresentação do trabalho, responder a um e-mail urgente e ainda separar a
roupa que as crianças vão usar para a escola. O dia mal começou, e já parece
uma maratona.
Mas ela não corre só contra o tempo — corre atrás de algo maior. Entre
uma reunião online e outra, ela abre uma aba no notebook para a aula da pós-
graduação. Sonha com a promoção, com o diploma, com a viagem que ainda
vai fazer quando tiver férias. No meio do caos, guarda um tempinho para o
curso de pintura que sempre quis fazer, porque sabe que a alma também
precisa de cuidado.
A casa pede atenção: tem louça acumulada, roupa para lavar, o chão
que não se varre sozinho. Mas ela já aprendeu que perfeição é diferente de
equilíbrio. Às vezes, o jantar é um sanduíche bem feito com amor; outras, é
uma comida caseira que cheira a infância. O importante é que ninguém passe
fome — nem de comida, nem de afeto.
E no meio disso tudo, ela se olha no espelho. Nem sempre se
reconhece. Há dias em que a autoestima balança, mas ela lembra que sua
força não vem do corpo impecável ou da casa sempre arrumada, e sim da
coragem de seguir em frente, mesmo cansada. Compra um batom novo, coloca
uma música que a faz dançar enquanto limpa, e sorri. Porque ela é mulher, e
mulher é assim: multitarefa por natureza, guerreira por necessidade, sonhadora
por vocação.
Quando a noite chega, e os filhos (ou os gatos, ou o silêncio solitário do
apartamento) finalmente descansam, ela respira fundo. Pensa no que fez, no
que ainda vai fazer, nos projetos que estão só esperando o momento certo.
Sabe que não é uma super-heroína — é humana, com dias bons e ruins. Mas é
dona da própria história.
E amanhã? Amanhã ela recomeça. Porque a vida não para, e ela
também não.
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