Sem alarde... um poema de Edra Moraes
- Daniela Amaral
- 23 de jul.
- 1 min de leitura

O tempo não faz mais tic e tac.
A bomba-relógio do tempo
agora é digital, e o cristal é líquido.
Sem o tic-tac das horas,
que marcava sossegado o relógio,
me dizendo das horas passadas,
agora o tempo escorre,
e eu estou sempre atrasada.
Que horas são?
São horas de partir ou de pousar.
Tenho cidades a visitar.
Que horas são?
São horas da traição ou do perdoar.
Tenho sonhos a sonhar.
Passou-se o tempo em vão,
pelo vão dos dedos, as horas.
Vão-se os dedos, vão-se as horas.
Escorre a vida pelas mãos.
É chegada a derradeira:
lenta autólise, necrochorume.
A vida é líquida.
O tempo é líquido.
O amor é líquido.
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