
Laura Monte Serrat nasceu na primavera de 1949. Desde pequena, ama desenhar e escrever, apesar das dificuldades. Mas isso não foi um obstáculo. Escreveu muito tempo para gavetas e caderninhos e hoje escreve para os leitores de sua profissão e da vida. Participou de muitas antologias da Feira do Poeta, algumas do Mulherio das Letras e do Marianas. Semeia arte para que hoje e amanhã sejam colhidas sensibilidade e força para lutar em defesa da igualdade e da diversidade.
Alguns poemas da autora
Tempo Bento
Bento passou por aqui,
mas não quis ficar.
Foi uma visitinha de médico...
Criou laços entre amigos,
Espalhou amor entre nós.
Chegou, não quis descer...
Viveu no quentinho da mãe,
emanou calor e energia!
Marcou! Sem mesmo se mostrar...
Não vimos seu rostinho, seu jeitinho, sua voz.
Nos abençoou com sua passagem por aqui
e logo seguiu em direção ao firmamento...
Chega, Bento?
Tchau, Bento!
Obrigada por este rastro de luz!
Da sua quase bisa, Laura
O fundo de mim
Mergulho-me
Chego ao fundo
Do meu mar...
Encontro o verde olhar amigo,
Minhas dúvidas,
Algumas escolhas
E poucas certezas...
Encontro respingos
Da dor, das dores,
Das Saudades, da tristeza!
Encontro, também,
Sementes de esperança
De alegria de viver
Como pano de fundo...
As memórias das andanças
E os amores do mundo!
Mergulho-me!
Ora orgulho-me,
Ora, aceito...
O que está feito, está feito...
Agora é transformar!
Triste
Tenho lavado minh'alma
com lágrimas e colocado para clarear
no sol do silêncio das palavras...
Busco as conexões possíveis,
que expliquem o sujeito oculto,
o objeto indireto atrás dos
garimpos, dos desmatamentos,
das invasões violentas e empobrecedoras,
dos escárnios em relação às descobertas,
das coligações de dependência ou de fortalecimento de poderios,
dos motivos pelos quais vivemos nossa humanidade,
desde que a história alcança –
em guerra, em disputas, em competição,
em conquistas desonestas...
Dizem que o sujeito não está oculto –
é o poder, o prazer, o desejo de acumular, a indiferença –
e que os objetos são diretos – as armas bem concretas
e o capital, cada vez mais abstrato...
Motivos e alvos das lutas –
que roubam a dignidade,
que matam os iguais,
que desequilibram a natureza,
que colocam em risco a vida,
que entopem os rios e mares,
que acinzentam os céus,
que encapam a Terra,
que propagam a cegueira d'alma,
incapazes de prever o que está por vir –
e a surdez que impedirá a antecipação da harmoniosa melodia
de ser, de estar, de conservar, de criar, de cuidar, de construir juntos
e de viver com alegria!
Livros
Educação de crianças pequenas (Pulso Editorial, 2006)
Psicopedagogia e o momento do aprender (Pulso Editorial, 2006)
Psicopedagogia: o aprender do grupo (Pulso Editorial, 2016)
Espiral poética (Marianas Edições, 2018)
Coautoria
Conexão Feira do Poeta – vol. I ao VIII (Nogue Editora, 2015-2022)
Marianas (Mariana Edições/Anadara brasiliana Edições, 2019)
Mulherio das Letras Portugal (In-Finita, 2020)
Quam sacer cruor (Marianas Edições/ Hecatombe 2021)
Tuíra (Marianas Edições/Donizela, 2022)
Nove meandros (Donizela, 2023)
Saiba mais sobre Laura Monte Serrat
Publicado por: Tânia d'Arc
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