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79° Letra de Mulher: lançamento de "Sorrir, esse sacrifício", "Na carne absoluta" e "Eu já fui você"

  • Foto do escritor: Tânia d'Arc
    Tânia d'Arc
  • 9 de jun.
  • 4 min de leitura

Atualizado: 10 de jun.


79° letra de mulher

No 79° Letra de Mulher, o Coletivo Marianas apresenta o lançamento do livro Sorrir, esse sacrifício, de Gisela Maria Bester, Na carne absoluta, de Ana Agnolo, e Eu já fui você, de Vênus, com mediação de Letícia Lopes.

O evento é aberto ao público e acontece no dia 13 de julho de 2025, das 10h às 13h, na Feira do Poeta (Largo da Ordem – Rua Cel. Enéas, 30).

Sobre as obras

Sorrir, esse sacrifício

Sorrir, esse sacrifício, é um livro de ecopoemas livres que mostra realidades de vidas de diversos seres devastadas por ações antrópicas, cujo legado doloroso é deixado irresponsavelmente pela vastidão do planeta, espraiando desequilíbrios nem por todos ainda devidamente notados. Com voz poética crítica, a obra anseia chamar a atenção de vários públicos à grave problemática da cada vez mais acelerada destruição das riquezas naturais de biomas brasileiros, e também de outras regiões da Terra, desnudando agressões a animais, plantas, águas, gentes e demais integrantes da natureza.

Assim, o livro põe em relevo o paradoxo vulnerabilidade-fortaleza, de modo a deixar quem o leia com a incômoda sensação de que, diante disso, sorrir passa a ser um sacrifício. Na qualidade de constitucionalista-ambientalista ativa por mais de três décadas, tendo há três anos também abraçado a escrita literária como forma de ver, escrever e inscrever cenários desequilibrados pelos seres humanos, a autora coloca nesta obra a potência do grito, não somente em nome de pessoas igualmente danificadas em suas essências nesse jogo desigual de forças, mas, principalmente, daqueles elementos da natureza que não podem falar.

Os bichos, na perspectiva de espécies companheiras e sencientes, povoam boa parte dos poemas, propiciando ainda uma intersecção de linguagem com a questão dos gêneros humanos. Estruturado em três partes, o livro inicialmente trata das degradações na natureza profunda; na sequência, mostra o mesmo potencial assombrosamente violento em ambientes urbanos, trazendo uma terceira parte reflexiva sobre possibilidades salvíficas nesse emaranhado mórbido.

"Livro de amar, livro de pensar e sentir todos os seres, os astros, Gaia e as redes que se formam num contínuo. Livro de entendimento e princípio de curas. Livro potente e delicado, incisivo e sutil, o Sorrir, esse sacrifício, de Gisela Maria Bester, promove e sustenta percepções profundas, que nos inspiram à ação, ao movimento de cuidado e de preservação das formas vivas. Bichos, luas, vertentes, ancestralidade, tudo aqui reunido pelo poder da palavra. Palavra-denúncia, palavra-acolhida, palavra-resposta-do-abismo. Palavra posta em movimento amoroso que nos permite florescer dourados, ver o poção e castores e calangos e sua cantoria. Palavra poética que nos permite recolher pássaros e estrelas em forma de estória, que ora se conta toda intensamente aqui."

Na carne absoluta

Numa abordagem psicanalítica e filosófica, Na carne absoluta explora como a formação identitária é determinada por fatores biológicos, políticos e socioculturais, considerando a influência do inconsciente pessoal e coletivo na construção do "eu", onde a noção de individualidade é intrinsecamente moldada pelo ambiente externo.

O título evoca a dualidade da natureza humana, atribuindo à carne tudo aquilo que nos é transmitido por herança. O termo "absoluta" faz alusão à subjetividade na constituição do ser e ao conceito de identidade criado a partir do contato com a própria realidade interna. Escrita em linguagem poética e no formato de autoanálise, a obra, dividida entre “Fêmea” e “Mulher”, resgata as experiências da autora desde a infância até a vida adulta.

A primeira parte, "Fêmea", apresenta um recorte historiográfico do Brasil, abordando os processos colonialistas e escravocratas e suas implicações psicológicas. A desigualdade social e racial, o impacto da pobreza, o complexo de inferioridade e o “vira-latismo” intelectual, assim como as relações hierárquicas de gênero e os estereótipos associados à mulher são trabalhados pelo impacto no psiquismo, na condição de mulher negra brasileira, refletindo no seu desenvolvimento enquanto indivíduo. O eu-lírico relata como esses fatores atuaram ao serem incorporados em seu inconsciente, desencadeando conflitos emocionais, traumas, abusos e alienação.

Cura e liberdade dão a tônica do componente intitulado "Mulher". O processo de autoconhecimento ocorre pela quebra de complexos e crenças internalizadas, ao acessar memórias genuínas e descobrir aspectos reais da personalidade. Sua autonomia é alcançada ao tomar consciência de si, reconhecendo sua expressão criativa no amor, na arte, na escrita e, principalmente, no ato de pensar.

O objetivo da obra é despertar o olhar do leitor para a própria realidade interna, levando-o a observar até que ponto o que nomeia “eu” realmente corresponde à sua singularidade e características inerentes. A obra tece reflexões sobre o sentido concreto e abstrato da existência, induzindo à autopercepção e à observação das próprias verdades, diferenciando-as do que foi agregado de maneira involuntária. No contexto social atual, repleto de estímulos e informações, é essencial ponderar sobre o que e quanto realmente conhecemos de nós mesmos, para não sermos diluídos em meio às demandas exteriores.

Na carne absoluta é dedicado àqueles que desejam realizar a sua própria jornada através do caminho do autoconhecimento.

Eu já fui você

Eu já fui você é uma iniciativa independente da autora Vênus. O livro foi produzido, em 2019, em PDF e traz poemas sobre perdas, amor e arte. Vênus, de 25 anos, é poeta e slammer e imprime em seu trabalho resistência e críticas a problemas coletivos que fazem refletir e emocionam, mantendo viva a cultura da denúncia na poesia marginal.



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